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Não muito chegada em histórias de amor convencionais, mas frequentemente atraída por tramas fora da caixa, eu bem poderia resumir minha experiência com Pílulas Azuis em uma frase: Que vontade de guardar essa HQ num potinho! 🥰 ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ 📖 Aqui, o quadrinista suíço Frederik Peeters nos conta a trajetória de seu relacionamento com Cati, que é irreverente, tem um sorrisão lindo (eu achei, pelo menos!) e é soropositiva. Ela é mãe de um menininho de quatro anos, também portador do vírus HIV. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ Pode ir desapegando de todas as ideias preconcebidas, porque a premiada graphic novel Pílulas Azuis tem a franqueza como recheio principal – e não é só por ser autobiográfica. Sem cair no didatismo, a trama vai muito além do preconceito e dos estigmas colocados sobre os soropositivos; aliás, ela os desmonta um a um. 🗣(Sociedade, leia esta HQ!) ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ 💎 Em cada página, descobrimos as alegrias e dificuldades da vida do casal; os atos mais corriqueiros dividem lugar com as angústias e sentimentos conflitantes. A história em momento algum se presta a detalhar como Cati contraiu o HIV nem aponta culpados, porque, na real, isso é o que menos importa. Também leva alguns capítulos até nos revelar a vida sexual do casal – não é só sobre isso, afinal. Nesta história, o médico é tão humano quanto seus pacientes e mostra que a informação é a chave de tudo. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ Como as surpresas aqui não são poucas, até o surreal entra em cena quando Frederik tem uma conversa filosófica e inspiradora com... um mamute! 🦣 Já o desfecho, coroado com uma espécie de epílogo, é daqueles que a gente não esquece tão cedo. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ✍️ Sobre a parte gráfica, amei o traço meio “sujinho” do Peeters! Sem falar nas imagens na parte interna da capa – adoráveis! ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ Pílulas Azuis não tem nada do que se espera de uma história de amor e, ainda assim (e por isso mesmo), é uma das melhores histórias de amor que eu já li! 🖤 Só sei que ela continua pulsando dentro de mim, e eu juro que esta HQ só não está num potinho porque não cabe!
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Para esta semana de feriados antecipados, a @companhiadasletras propôs um desafio bem bacanudo: ler 5 livros nacionais em 5 dias. Embora eu não consiga fazer os cinco, vou fazer um e já escolhi minha leitura: Os Tais Caquinhos, da Natércia Pontes. 🤓 ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ E porque eu adoro desafios assim, também quero indicar outros 4️⃣ livros (de nacionalidades diversas) com menos de duzentas páginas e perfeitos para serem lidos em 1 dia: ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ☂️ Como me Tornei Estúpido (Martin Page) Nesta sátira, de um dos meus autores preferidos, Antoine decide ser estúpido. Numa sociedade em decadência, a inteligência o fez solitário, desajustado; os estúpidos é que são felizes. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ☂️ Crônica de uma Morte Anunciada (Gabo) Também de um autor favorito aqui, o livro narra os acontecimentos rocambolescos do dia em que Santiago Nasar seria morto, fato conhecido por todos, menos pelo próprio assassinado. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ☂️ A Filha Perdida (Elena Ferrante) De férias no litoral sul da Itália, Leda tem sua atenção atraída por uma família de napolitanos, em especial uma jovem mãe e sua filha pequena. É o estopim para uma enxurrada de lembranças e feridas abertas, em uma narrativa franca sobre maternidade e a relação entre mães e filhas. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ☂️ A Resistência (Julián Fuks) O filho mais novo reconta a trajetória de sua família, marcada pelo golpe militar de 1976 na Argentina e pelo exílio no Brasil. Ao mesmo tempo, aborda a complexidade das relações familiares, especialmente com o irmão adotivo. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⁉️ Quais leituras te farão companhia nesta semana?! Me conta nos comentários! 👇
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Rumo aos finalmentes da minha leitura atual, que, aliás, está mesmo mais atual que nunca. Livro dolorido, esmagador; retrato do ódio e da total impossibilidade de diálogo no Brasil desses últimos anos. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ Tô tendo um mês de leituras muito intensas! E vocês, o que estão lendo⁉️
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Encerramentos. Às vezes, e sem pensar muito, a gente tende a atribuir um significado pesado e negativo a essa palavra. Mas os encerramentos são necessários, os ciclos precisam ser fechados para que novos ciclos se iniciem. A nossa existência é uma eterna reciclagem; por mais que resistamos a determinadas mudanças e desapegos, elas são parte de quem somos e semente de quem vamos nos tornar. 🍂 ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⌛️ Toda essa ideia em torno de fechamento e renovação, além das reflexões que aconteceram aqui dentro a partir dela, foi uma das coisas mais valiosas que tirei de Ouça a Canção do Vento & Pinball, 1973. Se para o próprio Murakami essas duas novelas que deram o pontapé inicial em sua carreira literária são de menor importância e valor, para mim, como leitora e admiradora de sua literatura, elas foram de certa forma inspiradoras. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ Ao apresentar personagens recém-saídos da adolescência que já carregam um enorme vazio dentro de si, as duas histórias revelam a relutância em deixar algumas coisas para trás – isso vem muito na forma de metáforas, em um fim de verão reflexivo na cidadezinha natal, na fixação por uma máquina de pinball retirada de circulação. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ O protagonista sem nome e seu amigo apelidado Rato vagueiam pelo início da idade adulta nessas tramas que abrem a Trilogia do Rato, cuja sequência é o eletrizante Caçando Carneiros. (Podem ser lidos avulsos!) O que me sobressaltou é que, mesmo nos primórdios, nessas novelas de 1979 e 1980, encontrei aspectos que o autor viria a amadurecer ao longo de suas obras. Enfim, Murakami já sendo Murakami. 🖤 ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ 📌 Não, não recomendaria Ouça a Canção do Vento & Pinball, 1973 para quem quer COMEÇAR a ler Haruki Murakami; este é um livro que ganha mais força DEPOIS que já conhecemos e admiramos o autor. Mas se você já leu alguns murakamis e curte o cara, pode embarcar que a viagem vai ser deliciosa e reveladora! ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ 📺 Por fim, queria avisar que tem um papo mais completo sobre esse livro lá no canal, conteúdo fresquinho! (Link na bio, tá?!)
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Bora fechar o mês de março conversando sobre Norwegian Wood?! ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ Esta vai ser a terceira live do projeto #LendoMurakamiEm2021 e será também um papo sincerão: o livro mais famoso do Murakami me trouxe uma enxurrada de sentimentos, alguns deles um pouco conflitantes. 🤔 ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ✍️ Também foi uma obra que me fascinou pela complexidade dos personagens! (Tô fazendo aqui uns apontamentos para discutir com vocês na live e, manoooo, tá extenso o negócio!) ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ 📖 Espero que vocês sigam animados com as leituras (tive a impressão de que o projeto deu uma broxadinha esse mês; por outro lado, quero estar mais presente por aqui para comentar o avanço das leituras). 🖤 Gostei tanto disso de ler uma obra por mês de um autor querido que pretendo levar pra vida! ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ Bom, de volta à live, anotem na agenda: 🗓 segunda-feira, 29 de março ⏰ às 20h30 📺 YouTube (canal Livro Lab por Aline T.K.M.) 📌 definam o lembrete para ser avisado no dia! 👇 Link na bio, nos stories e no destaque do Murakami no meu perfil! ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ Conto com vocês lá!! 🥰
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“Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros.” É impossível ler A Fazenda dos Animais (ou A Revolução dos Bichos) sem ficar com essa frase reverberando por semanas a fio. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ A razão disso, e também da genialidade dessa obra, é que ela não se aplica só às circunstâncias que ocasionaram sua criação, mas estende-se aos dias de hoje com um triste frescor. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ 📚 George Orwell traz aqui um grupo de animais que, cansados de serem explorados, se rebelam e tomam para si a fazenda onde vivem, fundando um sistema de igualdade. Concebido como uma crítica ao stalinismo, o livro se mantém atual ao advertir sobre os perigos de um governo totalitário e mostra como os indivíduos de uma sociedade têm sua liberdade ceifada, são manipulados descaradamente e passam a ser nada mais que objetos descartáveis a serviço de um ditador. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ 📚 Essa é uma história sobre o poder e a podridão que invariavelmente o acompanha; também é uma história sobre a liberdade, o bem mais precioso do ser humano e aquele que também lhe é tirado com mais facilidade, cotidianamente. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ 🐽 A simplicidade da fábula é perfeita para escancarar como, afinal, uma revolução se torna uma contrarrevolução. Como os líderes, para se manter no poder, não hesitam em se revelar piores que seus antigos opressores. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ Socialista, Orwell condenava o que era feito na União Soviética, que distorcia a ideia de socialismo e praticava o oposto. Mas o autor não viveu o suficiente para ver como sua obra, de início rejeitada por ir contra Stálin, acabou distorcida e amplamente usada como propaganda anticomunista anos depois. Que bom que, nos nossos tempos, enfim podemos resgatar a ideia original por trás de A Fazenda dos Animais. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ 📌 Todo governo totalitário é perigoso; a veneração cega de figuras políticas é perigosa. E ainda, neste mundo de corrupção deslavada, em que os direitos básicos para todos não passam de teoria, mais do que nunca entendemos o significado de “alguns são mais iguais que os outros”. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ (Esta edição maraa é da @companhiadasletras.) 😉